sexta-feira, 6 de agosto de 2010

INCONTINÊNCIA VERBAL E A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

JORNAL DE PEDAGOGIA UNIMEO

O JORNAL DE PEDAGOGIA DA UNIMEO, nesta semana, conversou com o Professor José Pardinho Souza, seu colaborador, a fim de fazer uma “radiografia” geral da atual conjuntura educacional para Jovens e Adultos.

JPU - Fale, livremente, e em poucas palavras, sobre “educação”.

PARDINHO – A educação, como é sabido, compreende todos os passos da vida. Aliás, desde à concepção, o ser humano começa a sua trajetória dentro da educação; que, etimologicamente, significa “extrair, tirar, desenvolver”. Como um processo vital, a educação vai integrando o homem ao meio, que por sua vez é moldado de forma a garantir a própria existência do mundo. Lembro que é a educação que leva o homem a explorar todas as suas potencialidades (físicas, espirituais, intelectuais, morais, entre outras). Não é um mecanismo que visa um fim estritamente funcional, a profissão, por exemplo. É assim que se pensa hoje em dia. Daí o caráter “reprodutor” e desumano da (des)educação. Não, a educação não precisa visar um fim tão egoísta, pois abrange o homem integral. Por isso dissemos que a educação se estende até à morte e para além dela. Portanto, deve-nos preocupar muito o fato de termos índices tão alarmantes de analfabetismo no Brasil.

JPU– Você acredita numa educação “libertadora”?

PARDINHO – Sim. Já disse que a educação não leva o indivíduo a uma mera adaptação ao meio. É um instrumental que nos vai levando sempre mais a uma ação consciente e conscientizadora, serva e libertadora. Que nos faz entrar em “choque” com toda forma de injustiça e descaso, seja ela de ordem política, social, moral ou cultural. Claro, a educação não é a “panacéia” dos males contemporâneos, pois as guerras, por exemplo, são declaradas por homens “educados”; também os maiores entraves culturais, comerciais, raciais, entre outros, temos presenciado por pessoas que passaram por uma educação que não se pautou pela ética dos direitos humanos. Precisamos, sim, envidar todos os esforços possíveis para deixar à disposição de pessoas mais velhas canais de acesso à informação, à formação e à atualização de seus conhecimentos, para que possam acompanhar o rumo deste mundo em rápidas transformações. Os nossos cidadãos não podem continuar à parte do conhecimento técnico-científico e ainda dos valores sócio-culturais.

JPU – Os programas de Educação de Jovens e Adultos têm atendido à variedade das demandas?

PARDINHO – Veja bem, em muitos contextos os programas vêm sendo conduzidos com relativo êxito; mas, na grande maioria, eles têm encontrado muitas barreiras. Embora seja uma determinação Constitucional, muitos adultos não têm garantido, na prática, esse direito. É óbvio que só o Estado, além de financiar assa atividade, não tem muito o que fazer. Fomos estigmatizados pela idéia de que este é um investimento sem muito retorno (coisas do capitalismo!). É preciso, acima de tudo, que haja esforços de todos os envolvidos nesta causa: entidades governamentais e não-governamentais. Ainda, que massifiquemos nossas campanhas, que promovamos cursos de capacitação, seminários, simpósios, debates, congressos e fóruns para professores e interessados da área.

JPU – Por favor, suas Palavras finais.

PARDINHO – O tema Educação de Jovens e Adultos é de sumo importância para a sociedade e precisa ser desmistificado e explorado. Agora, mais importante que discuti-lo, é fazê-lo prático. Daí, temos uma grande distância a percorrer e há que perguntar se a comunidade política e os detentores do capital nacional estão dispostos a conceder-nos esta oportunidade de mudança. Como a educação, num sentido lato, não depende exclusivamente deles, creio que podemos dar uma nova direção para os jovens e adultos analfabetos, lembrando que a educação deles depende, em grande parte, do esforço pessoal, no sentido de aproveitarem todas as oportunidades que tiverem para se integrar nas conquistas deste mundo globalizado.


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